Para Hugh Laurie, a série House deve acabar

Durante oito anos, Hugh Laurie deu vida ao médico Gregory House na série mais assistida da televisão em todo o mundo nos últimos tempos. Neste período, o ator foi fiel ao personagem e conquistou seu espaço dentro e fora das telinhas com uma atuação exemplar. Dr. House é arrogante, narcisista, insensível, viciado em analgésicos e adora um confronto pessoal, além de ser 100% americano. Mas Laurie garante que não é nada disso. “Neste momento, não estou interpretando House, por isso, estou vestido e falando como um britânico”, conta o ator em entrevista ao programa de rádio Fresh Air, apresentado por Terry Gross. Ao falar de seu personagem, que diagnosticou dezenas de pacientes que possuíam doenças raras ao longo das temporadas, enquanto sacaneava seus colegas de trabalho e mantinha uma relação séria com o Vicodin, o ator explica que foi complicado interpretar uma pessoa que sofre com uma doença crônica, já que o momento da dor não está em sua memória. Ele conta também uma curiosidade. “Conversei com médicos e especialistas para entender como poderia encarar esse papel. Mas devo admitir que mancar continuamente durante a série trouxe alguns problemas para mim em outros trabalhos. A primeira cena que gravei fora de House era em um hospital, e quando o diretor disse ‘ação’ comecei a mancar”, declara. “Agora, se eu vejo uma câmera ou se alguém diz ‘ação’, vou começar a mancar com certeza”, brinca o ator. Destaques da entrevista Como foi dirigir alguns episódios de House? “Ser diretor é o melhor trabalho. Não entendo por que as pessoas não gostam de dirigir. É uma combinação absolutamente fascinante de competências necessárias em todos os níveis – emocional, prático e técnico. É uma oportunidade de aguçar suas diversas habilidades. Acho completamente proveitoso. Eu adoro todo o processo”. Como é Dr. Gregory House e como será o fim da série para você? “O personagem é tão auto-destrutivo que é, praticamente, um suicida. Não se pode ter um homem debruçado na janela ameaçando saltar para sempre. Em algum momento, ele terá de pular ou voltará atrás, porque a multidão abaixo – que está esperando para ver o que vai acontecer – vai perder o interesse mais cedo ou mais tarde. Por causa dessa tensão, acredito que a série deve acabar. Eu senti – e acho que é um sentimento generalizado – que devemos recolher nossas coisas e sair de cena antes de acabar o interesse”. Como é ter um pai médico? “Acho que meu pai é um grande exemplo de médico para mim. Sua personalidade é extremamente oposta à de House. Ele era educado e descontraído, e faria de tudo para que seus pacientes se sentissem ouvidos, bem tratados e simpatizassem com ele. Provavelmente, ele ficaria um pouco horrorizado com o comportamento de House, mas, ao mesmo tempo, ele tinha uma espécie de honestidade rígida sobre a verdade médica e psicológica, já que é preciso encarar os fatos de frente. E ele não era alguém que permitiria fazer de um sentimento uma nuvem para encobrir o problema. E se a verdade deve ser falada, ele falaria”.